Histórico/Observação
Frontal de Confessionário com coroamento recortado e entalhado, adaptável à mesa de comunhão. Procedente da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino-GO. Consta no livro de inventário nº 40.
Frontal de Confessionário com coroamento recortado e entalhado, adaptável à mesa de comunhão. Procedente da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino-GO. De autoria desconhecida, séc. XVIII.
Ouro Fino foi um dos arraiais mais promissores do início do povoamento em Goiás. Seus veios auríferos o fizeram um povoado que abrigava e chamava aventureiros, mineradores, comerciantes, mascates e outros, em busca de um meio de vida ou enriquecimento fácil.
Tinha uma religiosidade ritualística em que "a observância dos rituais era bem mais importante do que uma sincera constrição. O ritualismo valia tanto para conseguir a salvação, por meio das práticas usuais do catolicismo (confissão, missa, procissão, etc.), como também para conseguir um conforto material, por meio de simpatias, mezinhas. Em lugar perigoso, como era o caso, havia uma forte aceitação para práticas mágicas, como as “rezas bravas” para fechar o corpo, afugentar cobras até simpatia para chover ou curar doenças. Nesse sentido, o catolicismo abria-se, em sua roupagem popular, para as práticas indígenas e africanas". [OLIVEIRA e QUADROS, 2015]
A obrigação da confissão e o temor pelo pecado cometido levavam os fiéis diariamente ao recinto do sagrado para confessar e depor o dízimo aos pés do altar. Segundo [BOAVENTURA, 2007], as capelas solucionavam gastos da Coroa e atendiam às imediatas solicitações comunitárias, mediante acordos com os núcleos populacionais que deveriam assumir as despesas adicionais, com a arrecadação de tributos conhecidos como conhecenças, pés-de-altar e esmolas da bacia.
Consistiam as conhecenças numa espécie de dízimos pessoais, cobrados pela obrigação da confissão anual e comunhão pascal, e os pés-de-altar em ofertas voluntárias por sacramentos administrados. Já a esmola da bacia era recolhida durante o sacrifício da missa, por ocasião das festas.
O frontal do confessionário é uma testemunha muda da religiosidade local e presenciou o nascimento, apogeu e declínio de uma das primeiras povoações bandeirante nas Minas dos Guayazes.
Para saber mais:
BOAVENTURA, Deusa Maria Rodrigues. Urbanização em Goiás no Século XVIII. SP: FAU – USP, 2007. Tese.
CASTRO, José Luiz de. Transgressão, controle social e Igreja Católica no Brasil Colonial: Goiás, século XVIII. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2011.