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Filtro
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Anexos
Metadados
Miniatura
Número de registro
83.050/030.213
Situação
Localizado
Denominação
Filtro
Título
Filtro de pedra
Autor
Classificação
Resumo descritivo
Filtro em pedra porosa, quadrado com fundo arredondado com relevo. Tampa pintada de verde com quatro respiradouros beges. Pegador em forma de maçaneta. Armação: 04 pés unidos por 03 “x” decorados por 02 “cc” acostados, todas as extremidades são torcidas.
Altura
123
Largura
46
Diâmetro
40 (da tampa)
Material
Técnica
Marcas/Inscrições
“Eduardo L. da Silva Ribeiro – Rio de Janeiro” (nos 04 lados).
Local de produção
Data de produção
Modo de aquisição
Doação
Data de aquisição
1954
Procedência
Fonte de aquisição
Luiz Astolpho Amorim
Histórico/Observação
Filtro de água, em pedra porosa originária de rocha vulcânica, do final do séc. XIX, proveniente da França, adquirido por Eduardo L. da Silva Ribeiro, comerciante e importador do Rio de Janeiro, que trouxe algumas unidades para serem comercializadas no Brasil.
Como surgiu o filtro de água? Sabemos que há mais de 2000 anos já se faziam experiências para melhorar a qualidade da água, embora as pessoas ainda não associassem que a água impura era fonte de muitas doenças,
Alguns métodos foram iniciados pelo egípcio Imhotep (a.C 2655 – 2600 a.C) o primeiro homem na história humana que estudou a medicina. Várias formas foram desenvolvidas, desde a fervura da água, ou a própria água colocada em recipientes de metal quente, até a filtragem na areia e carvão bruto. Séculos mais tarde Hipócrates (460 a.C – 370 a.C), o famoso “pai da medicina”, iniciou seus estudos na purificação da água e criou seu próprio purificador para tratar seus pacientes com água mais limpa. Sua criação foi conhecida como “luva de Hipócrates”. Este filtro era um saco de pano que através dele a água era filtrada, retendo qualquer sedimento na água que estava causando mau gosto ou cheiro... Em 1700 a.C foram aplicados os primeiros filtros de água para aplicação doméstica, eram feitos de lã, esponja e carvão. (PINHEIRO, 2015)
No final do séc. XIX a início do XX, o uso do filtro de pedra ou de barro nas residências não era comum, somente para as famílias de maior poder aquisitivo. Na Cidade de Goiás, a maioria das famílias supria suas necessidades buscando água direto da fonte do Chafariz, da Carioca ou das diversas bicas que existiam espalhadas pela cidade. Algumas famílias tinham suas carregadeiras de água que com seus potes na cabeça atravessavam a cidade diariamente, levando o precioso líquido e também as informações e acontecimentos do dia. Carregadeira de água era uma “profissão” benfazeja que minimizava as necessidades das famílias, matava a sede e aplacava o calor, também abasteciam escolas e órgãos públicos.
A imagem das carregadeiras de água faz parte da memória coletiva vilaboense, no entanto acentua também o cotidiano e vivência dessas mulheres, “(...) principalmente aquilo que se refere à herança, a classe, a raça e a identidade de gênero de onde se origina.” (BRITO e PRADO,2018. p. 206). A maioria dessas mulheres tinham cor e suas tarefas eram para o sustento de suas famílias com os poucos dobrões que recebiam. A exemplo Maria Rosário Gonçalves, apelidada vulgarmente de “Maria Macaca”, está presente como personagem da história local, no entanto de “carne e osso” que sentia, pensava e tinha necessidades como qualquer outra.
A água era armazenada em potes de barro, depois de fervida ou coada em pano de algodão, costume esse usado no interior do país até anos recentes da década de 1960.
Em Goiás, em se tratando dos filtros:
O processo de filtrar a água para consumo começou a ser utilizado nas residências já no final do séc. XIX. A própria constatação de que a água poderia transmitir doenças como a cólera, quando estava contaminada, só ocorreu nos anos 1900. O filtro de Eduardo Ribeiro importado da França foi o primeiro filtro comercializado no Brasil. (Dargent Leilões – Arte & Antiguidades)
De formato quadrado com fundo arredondado, possui uma tampa de metal (folha de flandres) na cor verde, com pegador em forma de maçaneta, com quatro respiradouros em bege. Nos quatro lados da sua extremidade superior há a inscrição “Eduardo L da Silva Ribeiro - Rio de Janeiro”. Apoiado sobre armação em ferro fundido, constituída por 04 pés unidos por 03 “x” e decorados por 02 “cc” acostados, sendo todas as extremidades em formato de volutas.
Originalmente – supõe-se que antes mesmo da doação da peça - guarnecia sobre platô, a meia altura, uma talha em barro cozido, moldado no formato de ânfora e com uma pequena torneira em estanho. Posteriormente a talha foi substituída por um pote de cerâmica, o único componente não original do conjunto. A água era depositada na cuba do filtro e por gravidade atravessava a rocha porosa filtrando o líquido.
Doado por Luiz Astolpho de Amorim ao Museu das Bandeiras em 1954. Filho de Hilário Alves de Amorim e Belisária Pereira da Veiga, nasceu em Pirenópolis - GO, em 04-01-1859 e faleceu em Goiás – GO, em 31-10-1954. Casou-se com Rosa Amélia Sócrates em 15/10/1887. Era irmão de Argemiro Pompílio de Amorim e pai de Darcília de Amorim. Agente e representante de casas comerciais no Rio de Janeiro e Goiás, no final do séc. XIX e início do XX.
Como era um filtro importado, as famílias tinham dificuldade em adquirir. O Prof. Julio Cesar Bellingieri, assim o descreve:
Outro equipamento utilizado para purificar a água era uma espécie de “pedra filtrante”, mecanismo composto de uma armação de ferro de 1,2 metro, apoiando uma pedra porosa de 10 cm de espessura e de cerca de 50 quilos, em formato de cuba. Jogava-se água sobre a pedra que, depois de absorvida, pingava filtrada dentro de uma talha de argila, localizada na parte de baixo da armação (Figuras 4 e 5). De acordo com a investigação realizada, esse “filtro de pedra”, utilizado durante as primeiras décadas do século XX em algumas residências de municípios paulistas e de outros Estados, era francês e chegava ao Brasil por meio de um importador do Rio de Janeiro, chamado Eduardo L. da Silva Ribeiro. Esses equipamentos filtrantes, tais como o Filtro Pasteur e o filtro de pedra, não tinham o uso generalizado, e suas importações deveriam ser pouco significativas. Na descrição dos produtos importados pelo Brasil, por meio do Porto de Santos, na década de 1920, não existe menção a esses objetos. No entanto, o aumento das suas referências demonstra que havia uma crescente preocupação com a qualidade da água que era bebida. Os livros e publicações tratando da “filtração doméstica” e as propagandas de equipamentos filtrantes significam a existência de um incipiente mercado relacionado à purificação de água para beber em São Paulo (BELLINGIERI, 2004)
O filtro de pedra deixou de ser usado após a invenção do filtro de barro, que mudou completamente a maneira do brasileiro de beber água, e ainda é muito usado no interior do Brasil até hoje. Quem não se lembra ou ainda não ouviu falar do Filtro Fiel e São João?
Para Saber mais:
BELLINGIERI, Julio Cesar. Água de beber: a filtração doméstica e a difusão do filtro de água em São Paulo. 161 Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v.12. p. 161-191. jan./dez. 2004. Curso de Administração e Sistemas de Informação da Faculdade de Educação São Luís (Jaboticabal-SP) e Faculdades Integradas Fafibe (Bebedouro-SP)
BELLINGIERI, Julio Cesar. Uma Análise da Indústria de Filtros de Água no Brasil. Cerâm. ind., vol.11, n3, p.0, 2006. Faculdade de Educação São Luís, Jaboticabal – SP.
BRITTO, Clovis Carvalho. PRADO, Paulo Brito do. Carregadeiras de água: Gênero, Patrimônio e Trajetórias no Tempo. In: Revista Nós: Cultura, Estética e Linguagens. v.03 n.02 – agosto / 2018.
GOMES, Maryna Soares. Tratamento de água domiciliar por filtros de cerâmica microporosa e carvão ativado. Estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Congresso Abes - Fenasan, 2017
PINHEIRO, Johnathan. A origem do filtro de água. Como surgiu o filtro de água? 2015. (Artigo retirado do site Blog da Família, somente loja online).
Reportagem do G1 em junho de 2017: Filtro de barro, invenção brasileira, é um dos melhores do mundo.
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