Histórico/Observação
Pia ritual do séc. XVIII, da antiga Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino, usada para o batismo de crianças. Esculpida em calcário róseo por autor ignorado, apresenta entalhes e polimento.
Assim se referiu Elder Camargo de Passos sobre as obras de arte em exposição no Museu das Bandeiras, muitas delas sem designação de autor: “Tudo isto, é obra de autores anônimos, talvez algum escravo, ou qualquer outro artífice que na sua modéstia, faziam belas peças tirando assim o pão de cada dia, sem a preocupação de deixar seu nome para a posteridade”. [PASSOS, 1968]
Os batismos podiam acontecer fora do sagrado, isto é, não aconteciam somente nas igrejas matrizes ou sedes das paróquias. Aconteciam também nos oratórios das fazendas, nas casas particulares e capelas filiais. Segundo José Luiz de Castro, entre 1764-1808, os batismos na Igreja de Ouro Fino foram em nº de 117, somente suplantados pelos da sede da paróquia, em Vila Boa de Goiás que atingiu no mesmo período 2875 batizados.
Muitas vezes a criança escrava recebia sua liberdade na pia batismal, como um gesto de gratidão pelos bons serviços prestados pela mãe. Recebiam liberdade também por ser filho ou filha do senhor dono da escrava, que assim reconhecia a paternidade.
Os escravos recém-chegados, também recebiam os sacramentos do batismo, após receberem as instruções religiosas, porque “Era responsabilidade de todos os senhores o batismo dos escravos, uma vez que uma das principais justificativas da escravidão era a conversão dos pagãos e a salvação das almas”. [CASTRO, 2011, p. 275]
Vê-se que a pia batismal aqui exposta, é testemunha silenciosa da resistência, luta e sonhos de liberdade de grande parte da população negra da região.