-
Balança
- Voltar
Metadados
Miniatura
Número de registro
84.005/030.324
Situação
Localizado
Denominação
Balança
Título
Balança de Ourives
Autor
Resumo descritivo
Haste horizontal, com as extremidades terminadas em forma de orifício, de onde saem os suportes para os pratos da balança. Os pratos são de forma arredondadas com 03 (três) cavidades onde estão presos os cordões que servem de suporte da haste.
Altura
42
Largura
11
Diâmetro
09 (dos pratos)
Material
Técnica
Marcas/Inscrições
esq: 7335 5 131 133 / dir: 5 7371234 739736 - 732
Local de produção
Data de produção
Modo de aquisição
Compra
Data de aquisição
01/11/1953
Procedência
Fonte de aquisição
José de Castro Berquó
Tema
Histórico/Observação
Foi adquirida por Edgard Jacintho da Silva, DPHAN, juntamente c/ os pesos de ferro (03 jogos diferentes). Consta no Inventário de Lígia Martins Costa, 1963.
Objeto usado em diversas atividades com o intuito de pesar ouro, tanto em casas de fundição, ofício de ourives, quanto no comercio em geral – até por ambulantes. Nas Colônias de 1735 eram proibidas o uso de moedas para o comercio, com isso, a balança foi um dos instrumentos de maior uso na época até o final do ciclo do ouro. O sociólogo Eliézer Cardoso Oliveira, num artigo denominado “Vivendo sem um tostão furado!”: o uso cotidiano do dinheiro em Goiás (1808 – 1848) publicado na Revista de História Regional do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, relembra a passagem do viajante austríaco Johann Emanuel Pohl que dizia em meados de 1830:
“Entre os vários preparativos de minha viagem figurava a aquisição, a conselho de meu digno hospedeiro, de uma balança de pesar ouro, pois eu teria de percorrer regiões onde não se usam moedas, que são substituídas pelo ouro em pó, incômodo, que diminui muito com a circulação, que se dissipa ao pesar-se e que freqüentemente é falsificado pela adição de minério de ferro (esmeril) em pó, que aliás dá ao ouro uma cor amarelo-acinzentada”.
Neste comentário do viajante é possível notar alguns problemas que ocorriam frequentemente nas capitanias: A proibição do uso de moedas para a comercialização, através da Lei régia de 1735 e o comercio só podendo ser feito com ouro em pó passível de falsificação, ou seja a impureza do minério em circulação na época dificultando também a comercialização de produtos de valores menores que corroboravam para as desigualdades de consomo entre os povos das colônias. OLIVEIRA (2011, p. 607) também exemplifica como isso se dava na prática em 1830: “(...) o valor da oitava foi estipulado a 2500 réis; um consumidor que desejasse, então, comprar, por exemplo, um alqueire de arroz (36,27 litros) que custava 320 réis teria que realizar a incômoda e difícil tarefa de dividir a pequena porção de ouro em mais de sete partes, reservando uma para pagamento do produto”.
Em 1803, houve a tentativa de proibição do comercio com ouro em pó com alvará que formulava “(...) uma nova política para a administração da minas do Brasil por meio da criação de novos órgãos, da extinção de antigas estruturas, da proibição de circulação do ouro em pó e da redução do quinto pela metade”. (Portal Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2016) Não deu certo, visto que, no final do século XIX o comercio do ouro em pó ainda era visto nas colônias brasileiras.
Desde aquela época as diferenças entre classes sociais eram medidas pelo seu potencial de posses. O dinheiro por assim dizer não era tão importante, visto que, a troca de produtos eram a principal forma de comercialização, assim como o ouro em pó escasso na região. “(...) vários produtos foram utilizados com referência para trocas: o gado (...), sal (...), bacalhau seco, novelos de lã, dentes de cachorro, etc” (OVIVEIRA, 2011, p. 610).
O que dificultava muito a acessão dos mais pobres, pois conseguiam viver com a troca mas os impostos tinham que ser pagos com dinheiro (ouro em pó ou moedas de cobres que estavam sob o poder de poucos nas colônias). Em 1823, o Governo Imperial enviou para as colônias alguns contos de reis em moedas de cobre, mas muito pouco e muito caro para os colonos conseguirem adquirir, assim se concentraram nas mãos de poucos. O que, de certo modo, até irônico: “O dinheiro, em vez de possibilitar a aquisição de mercadorias, tornou-se ele próprio uma mercadoria disputada e rara. Diante disso a população goiana aprendeu a viver sem ele”. (OLIVEIRA, 2011, p. 615).
A diferença de classe social era medida pela etnia, família e religião. Ficando destinados aos negros (as) livres e mestiços (as) somente a possibilidade de trocas de elementos de pouco valor. Os que ganhavam mais eram os altos funcionários da administração pública da coroa, que conseguiram acumular fortunas para seus descendentes e o clero. Possuir escravos era uma questão de status que supria as vontades das elites.
OLIVEIRA (2011, p. 629), na sua conclusão resume este facto em: “A desigualdade de renda era imensa: os funcionários públicos de alto escalão, grandes proprietários de escravos, os eclesiásticos, os comerciantes viviam na opulência; os demais, quase na miséria.”
Para saber mais:
JÚNIOR, Deusdedith Alves Rocha. In: Registro e Contagens da Comarca de Goiás (1731 – 1750). Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Brasília /DF, 2018.
OLIVEIRA, Eliézer Cardoso. In: “Vivendo sem um tostão furado!”: o uso cotidiano do dinheiro em Goiás (1808 – 1848). Revista de História Regional. Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2011. Doi: 10.5212/Rev.Hist.Reg.v.16i2.0011.
SALGADO, Tathiana Rodrigues. In: Atividades Comerciais Durante o Período Colonial em Goiás – Brasil. Mercator, Fortaleza, v. 18, e18015, 2019. ISSN:1984-2201.
Acervo
Artes Visuais
Coleção
Código Thesaurus
Destaque no acervo
Sim