Histórico/Observação
Equipamento de fiação e tecelagem, séc. XIX, originário do município de Goiás, Estado de Goiás. Foi adquirido através de compra, no valor de CR$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) em 08/02/1955, juntamente com o tear, canilheiro e descaroçador de algodão, pela Sra. Yeda Sócrates do Nascimento, responsável pelo Museu das Bandeiras neste período.
Em dezembro de 1969, D. Yeda fez doação dessas peças ao museu, porém as mesmas já estavam em exposição desde sua aquisição, conforme ofício exp. nº 66, de 09/12/1969.
A roca em exposição é mecânica, constitui-se de um cavalete de madeira com pedal, tendo em uma extremidade a roda e na outra extremidade engrenagens para fiar o algodão.
O surgimento desse equipamento de fiação e tecelagem perde-se no tempo. Ninguém sabe ao certo quem inventou a primeira roda de fiar ou quando. Muitos supõem que as rocas tiveram origem na Índia entre os anos 500 e 1000 D.C, Outras pesquisas indicam que foi inventada na China e depois se espalhou da China para o Irã, do Irã para a Índia e, em seguida, da Índia para a Europa. Tudo o que se sabe com certeza é que, ao final da Idade Média e durante o início do Renascimento, as rocas apareceram na Europa, no século XIII, através do Oriente Médio. No entanto, os cientistas nunca foram capazes de definir as origens da roda de fiar.
A roda giratória é uma invenção antiga. Surgiu pela necessidade de se ligar as fibras vegetais e/ou animais em linhas ou fios, os quais foram, em seguida, tecidos por um tear e transformados em panos para diversos usos.
Franz Maria Feldhaus, engenheiro alemão, historiador e escritor científico, nascido em 26/04/1874 em Neuss e falecido em 22/05/1957 em Wilhelmshaven, ficou conhecido no final dos anos 1950, como "o escritor mais conhecido e prolífico da Alemanha na história da tecnologia”, em a “História Antiga da Roda de giro”, reporta as origens da roda ao Egito antigo e não à Índia ou China, e dizia que, antes do desenvolvimento da tecnologia moderna, a roca já tinha uma vara ou eixo (fuso) sobre o qual a lã, o linho ou outra fibra eram fiados com o uso das mãos.
O uso de fusos manuais, a partir dos quais as rodas de fiar evoluíram, foram encontrados em escavações no Oriente Médio, datando de até 5000 A.C.
Com a Revolução Industrial, 2ª metade do séc. XVIII, a intensa demanda por tecidos provoca a escassez dos fios. Os fiares mecânicos não supriam a demanda real provocada pelo trabalho intenso das fábricas. A procura de fio de algodão ultrapassou a oferta, pois a roda de fiar de um só fio não podia abastecer a procura.
A roda de fiar passa então por um processo de automação e inovação para acompanhar os novos tempos.
James Hargreaves, carpinteiro, inventor e tecelão britânico, (Lancashire, c. 1720 - Nottingham, 22/04/1778), ficou célebre por criar uma fiadora, em 1764, batizada de Spinning Jenny, uma versão melhorada da máquina de fiar, múltipla e alimentada à mão. A idéia surgiu quando viu uma roda de um só fio girando descontroladamente no chão em posição horizontal, dando-se conta de que ficaram vários fusos alinhados e que, se a roda ficasse na horizontal em lugar de estar na vertical, se poderiam fiar vários fios em simultâneo.
Foi a primeira invenção mecanizada real que deu inovação à roda de fiação.
Para saber mais:
DANTAS, Simone Aparecida Borges e SILVA, Adriano Freitas. As Fiandeiras de Jataí: uma memória se perdendo no tempo. Jataí: UFG, Campus Jataí, 2008.
BORGES, Kátia Franciele Corrêa. Fiar, Tecer e Rezar: a História das mulheres na fábrica de tecidos do Biribiri (1918-1959. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2019.
