-
Cômoda
- Voltar
Anexos
Metadados
Miniatura
Número de registro
83.024/030.159
Situação
Localizado
Denominação
Cômoda
Título
Cômoda Papeleira (escrivaninha)
Autor
Classificação
Resumo descritivo
Cômoda papeleira, de linhas retas, em madeira de 02 tons. Gavetas claras de fundo escuro e 02 painéis de tampo inclinado, escuros de fundo claro, com embutidos em filetes e ornamentados florais na cor contrastante. Corpo superior arrematado por cornijas de perfil acentuado e constituído por papeleira com escaninhos verticais e 03 gavetas intercaladas por motivos florais. Cômoda com 02 gavetas superiores e 02 gavetões com puxadores em metal e marca de espelho primitivo nas fechaduras. Ornamentação na frente e elaborada nas faces laterais. Pés retos em pirâmides truncadas invertidas, ligeiramente contraventadas.
Altura
125
Largura
113
Profundidade
63
Material
Madeira > Jacarandá | Metal | Madeira > Peroba branca
Técnica
Marcas/Inscrições
“10 de 1816 – Joaquim Angola”
Data de produção
Modo de aquisição
Compra
Data de aquisição
1953
Procedência
Fonte de aquisição
Argemiro Pompílio de Amorim
Histórico/Observação
Móveis de guarda dotados de gavetas para guardar roupas e outros objetos, as cômodas surgem na Europa no século XVII como uma evolução a partir das antigas arcas. É também neste período que vemos o surgimento de outros móveis fechados, destinados a guardar papéis e servir como mesas para escrever, chamados genericamente de secretárias ou papeleiras. A partir do século XVIII é possível encontrar diversos móveis que acumulam as duas funções: de cômoda e de papeleira [...] móveis compostos de uma parte superior com tampo de abaixar, que serve de superfície para escrita, contendo em seu interior uma série de pequenos compartimentos para guarda de objetos e papéis, além dos gavetões para guarda de roupas, na parte inferior. (LIMA, 2016)
A cômoda-papeleira foi adquirida em 1953 pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – DPHAN (1946-1970), através de seu representante, o Arq. Edgard Jacintho da Silva, que a comprou de Argemiro Pompílio de Amorim, por CR$ 5.000,00 cruzeiros, em Pirenópolis - GO.
Edgard Jacintho da Silva, arquiteto e fotógrafo, então Chefe da Seção de Artes, era enviado pela DPHAN, hoje IPHAN, para percorrer o Brasil em busca de obras de arte para compor os museus ainda em formação.
“É ainda neste trabalho de Edgard Jacintho que se inicia proposta de transformar a casa de câmara e cadeia da Cidade de Goiás no Museu das Bandeiras. O arquiteto-fotógrafo trabalhará na restauração do imóvel e na implantação do museu na época em que a administração dos museus fazia parte das políticas públicas do IPHAN”. (MOURA, 2019).
Esteve várias vezes em Goiás, adquirindo uma variedade de peças museológicas, como mobiliário, peças religiosas, indumentária, documentos, partituras, entre outros. Nesse período, década de 1950, essas obras já se encontravam quase esgotadas e já eram consideradas raras. Resultado da ação de antiquários e colecionadores, que vinham a Goiás adquirir de instituições e particulares. Através dos relatos da poetisa Cora Coralina, percebemos o esvaziamento e fuga das peças goianas para fora de seus limites e da sua história.
No livro “Museu de Arte Sacra da Boa Morte” (José Pereira de Maria, 1984) há o relato da compra de peças sacras e laicas, prestes a saírem dos limites de Goiás. Quando D. Cândido Penso consegue evitar a evasão delas, adquirindo-as de volta através de compra. Inclusive, foram essas peças as pioneiras para a montagem do Museu de Arte Sacra da Cidade de Goiás quando da sua fundação em 1969.
Argemiro Pompílio de Amorim nasceu em 22/03/1881. Filho de Hilário Alves de Amorim e Belisária Pereira da Veiga. Era advogado e pai, entre outros, de Hélios de Amorim, nascido em 1912, também advogado, com inscrição ativa mais antiga da OAB-GO (inscrição nº 197), falecido em 2004. Argemiro era casado com a Sra. Ludovina de Pina e Amorim, de tradicional família de Pirenópolis.
Argemiro foi escrivão da Recebedoria do município de Anhanguera e, em fevereiro de 1928, foi beneficiado com a concessão de um cartório na Cidade de Goiás, sendo seu tabelião titular. Fato que motivou sua família a mudar-se para a antiga capital do Estado.
Na parte posterior da escrivaninha há uma inscrição: “10 de 1816 – Joaquim Angola”, o que nos leva a suposição de que seja o autor da peça. Obra com marchetaria, em jacarandá e peroba branca, tendo no seu interior uma belíssima pintura. Figura como um belo exemplar de mobiliário do século XIX, confeccionado por escravizados (as), forros, ou afrodescendentes.
O Museu das Bandeiras guarda o recibo de compra da cômoda-papeleira, com assinatura de Argemiro, na cidade de Pirenópolis, em 28/05/1953, o que nos leva a suposição de que a peça nunca havia saído dos limites da cidade e de que o seu feitor, Joaquim Angola, lá tivesse residência.
Para saber mais:
LIMA, Paula Coelho M. de. A cômoda-papeleira e seus segredos. Acervo Revelado – Março, 2016. Núcleo de Preservação, Pesquisa e Documentação, Museu da Casa Brasileira - MCB.
MOURA, Rachel de Almeida. A Construção de uma memória geográfica para o Brasil: Edgard Jacintho e o sertão do IPHAN. Tese de doutorado. RJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019.
NÓBREGA, José Claudino da. Memórias de um Viajante Antiquário. São Paulo: Editora Raízes, 198. * Livro raro, encontrado somente citações.
Acervo
Artes Visuais
Categoria
Coleção
Código Thesaurus
Destaque no acervo
Não