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Canilheiro
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Anexos
Metadados
Miniatura
Número de registro
55.004/030.106
Situação
Localizado
Denominação
Canilheiro
Título
Canilheiro
Autor
Classificação
Resumo descritivo
Sobre um toco rústico, duas madeiras retas na vertical onde se encaixam roda e haste roliça para colocar a canilha.
Altura
52
Largura
54
Profundidade
13
Material
Técnica
Marcas/Inscrições
Ausência de inscrições
Data de produção
Modo de aquisição
Doação
Data de aquisição
08/02/1955
Procedência
Fonte de aquisição
Yeda Sócrates
Tema
Histórico/Observação
Equipamento de fiação e tecelagem, séc. XIX, originário do município de Goiás, Estado de Goiás. Foi adquirido através de compra, no valor de CR$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) em 08/02/1955, juntamente com o tear, roca e descaroçador de algodão, pela Sra. Yeda Sócrates do Nascimento, responsável pelo Museu das Bandeiras nesta época.
Em dezembro de 1969, D. Yeda fez doação dessas peças ao museu, porém as mesmas já estavam em exposição desde sua aquisição, conforme ofício exp. nº 66, de 09/12/1969.
O canilheiro está assentado sobre um toco rústico e constitui-se de duas madeiras retas, na vertical, onde se encaixam roda e haste roliça, para encher as canilhas, peças usadas nas lançadeiras de tear. A canilha é uma peça metálica da lançadeira de tear em que o fio está enrolado; bobina.
Houve em Goiás uma fábrica de tecidos. Em 1818, durante o Governo de Fernando Delgado Freire de Castilho (1809-1820), a sua administração foi arrematada por João Duarte Coelho. Essa fábrica localizava-se na Rua da Cambaúba, hoje Bartolomeu Bueno, e possuía 19 teares, onde eram confeccionados, além de outras peças, os fardamentos das antigas milícias (vide, Aviso Régio dirigido ao Governador sobre o estabelecimento da fábrica de Fiação e Tecelagem. Cx. 190, vol. IV, fls. 107, 24/07/1818, 04.02.007 - Ordens Régias, Fundo Brasil Colônia, Arquivo Museu das Bandeiras). Essa fábrica foi levada pela enchente do Rio Vermelho em 1839, não tendo prosseguimento.
Lembrando que foi somente na 2ª metade do séc. XIX, em 1868 aproximadamente, que surgiram as primeiras fábricas em Minas Gerais, e que em Goiás, já a partir de 1818, foi expedida Ordem Regia para o seu estabelecimento.
As fábricas de tecidos se dividiam por setores, sendo a fiação, o urdume, a tecelagem e a tinturaria. Na fiação, temos o processo que vai do descaroçamento do algodão até a entrega do fio já pronto.
A Fiação era dividida em duas etapas: a) preparação para fiação e b) processo de fiação propriamente dito. A preparação de Algodão era feita de várias máquinas: descaroçador, abridor, batedor, cardas, passador (ou laminador), pavieiro grosso (ou maçaroqueira) e pavieiro fino. No descaroçador processava-se a separação do algodão da semente. No abridor, a abertura das fibras do algodão e uma primeira limpeza. No batedor, o algodão era violentamente farpado para separar as fibras das impurezas que, por um sistema de aspiração, eram retiradas para fora enrolada em canilhas. Nas cardas, as fibras eram novamente esgarçadas e dispostas em camadas regulares, entrelaçadas umas nas outras para poderem suportar o estiramento e a torção, formando uma fita homogênea que era enrolada e armazenada em bobinas. No passador (ou laminador) as fibras eram paralelizadas, retirando-se as curtas. A manta tornada homogênea e uniforme era fortemente comprimida, saindo mais fina e adelgaçada. Em seguida, a fita passava ainda pelo pavieiro grosso (ou maçaroqueira) quando o objetivo era a produção de fio mais encorpado ou pelo pavieiro fino, para prepará-lo mais delgado. Nestas máquinas, concluía-se o processo de desengrosso pelo estiramento e prensagem, sendo a fita acondicionada em bobinas prontas para ir para as fiandeiras, a fim de serem fiadas. (GIROLETTI In: BORGES, 2019, p. 66).
A tecelagem com o uso do tear e demais peças, como o canilheiro, é uma arte milenar. Envolvia, em sua maioria, o trabalho de mulheres - esposas, filhas, irmãs, noras, cunhadas, enteadas, sobrinhas, agregadas, escravas e enjeitadas. Sempre contou com a presença maciça das mulheres nas indústrias têxteis, contudo, raramente valorizadas, além de que, o baixo custo dos salários por elas recebidos, nunca fez jus às suas habilidades adquiridas e demonstradas na arte de fiar e tecer.
Para saber mais:
Arquivo Museu das Bandeiras - Aviso Régio dirigido ao Governador sobre o estabelecimento da fábrica de Fiação e Tecelagem. Cx. 190, vol. IV, fls. 107, 24/07/1818, 04.02.007 - Ordens Régias, Fundo Brasil Colônia
BORGES, Kátia Franciele Corrêa. Fiar, Tecer e Rezar: a História das mulheres na fábrica de tecidos do Biribiri (1918-1959. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2019.
MOURA, Marcelo Duarte. Indústria artesanal de tecidos em Minas Gerais na 1ª metade do século XIX. X Seminário sobre a Economia Mineira.
GIROLETTI, Domingos. Fábrica: Convento e Disciplina.
Editora UNB, 2002
Acervo
Artes Visuais
Categoria
Coleção
Código Thesaurus
Destaque no acervo
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