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Bateia
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Anexos
Metadados
Miniatura
Número de registro
65.002/030.124
Situação
Localizado
Denominação
Bateia
Título
Bateia
Autor
Classificação
Resumo descritivo
Formato côncavo e arredondado, com furo na borda para alça.
Diâmetro
64
Material
Técnica
Marcas/Inscrições
Ausência de inscrições
Data de produção
Modo de aquisição
Doação
Data de aquisição
1965
Procedência
Fonte de aquisição
Não identificada
Tema
Histórico/Observação
Usado no Garimpo, tina ou gamela de madeira que se usa na lavagem da areia que contém ouro ou diamante. A origem da palavra é do grego “batiaca” que significa tipo de copo, dando origem ao termo português “bátega” que é um tipo de bacia antiga.
A bateia é usada na extração de pequenas quantidades de metais, á exemplo ouro (ouro de aluvião), nas margens dos rios podendo ser de madeira, metal ou plástico. Por ter forma arredondada e côncava (fundo em cômico), junto com cascalhos, pedras e água do rio, deve-se movimentar o instrumento em círculos (ato de batear) com a bateia meia submersa na água, desta forma, pode-se separar o metal pesado de pedras, terras e outros resíduos mais leves – o metal pesado se acumula no fundo e nas bordas. Também é encontrada mais côncava ou menos, dependendo do tipo de minério que são encontrados nos rios ou o tipo de ouro – para o ouro de aluvião, a bateia é mais profunda.
Este equipamento é utilizado no Brasil deste o início do ciclo do ouro (século XVIII e início do XIX). Em Vila Boa de Goyaz, os cativos escravizados foram tragos da Costa de Mina (África Ocidental, região do Golfo de Guiné), pois dominavam técnicas de mineração ainda desconhecida pelos português.
“Alguns dos grãos de ouro são tão pequenos, que flutuam na superfície, podendo, por conseguinte, ser arrastados nas repetidas mudanças da água que se fazem. Para prevenir esse inconveniente, os negros esmagam algumas ervas em uma pedra e misturam um pouco do seu suco à água de suas gamelas (...)” (PAIVA, 2002, p. 200).
Estas gamelas eram as bateias fabricadas com madeira resistente a água e ao sol.
Segundo PAIVA, 2002, as escravizadas da Costa de Mina traziam sorte aos mineradores e SOARES, 2000, p. 86 afirma: “(...) não há mineiro que possa viver sem nenhuma negra mina, dizendo que só com ela tem fortuna.”
Nos livros de batismo de escravizados em Vila Boa, 145 mulheres de minas (do total de 500 escravizados), nagôs e angolanas não tiveram registros, este livro teve sua origem em 1765 como forma de controle social dos escravizados e senso para a coroa portuguesa. (LOIOLA, 2008, p. 47)
Mas as mulheres da África não somente serviam como amuletos para achar ouro, elas também dominavam as técnicas das atividades exploratórias. PAIVA, 2002, num artigo denominado “Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e metiçagem no Novo Mundo” relembra o texto de Suzanne Preston BLIER, (L’art royal africain. Paris: Flammarion, 1998, p. 139) onde ela diz: “As mulheres monopolizavam o trabalho de faiscação do ouro, desde a prospecção até o transporte do metal recolhido, passando pela peneiração da lama aurífera e pela lavagem das pepitas soltas...”.
Até os dias atuais, encontramos mulheres na lida dos garimpos espalhados pelo Brasil, seja na extração do ouro, seja a procura de pedras preciosas como a esmeralda, exemplo deste fato são as minas de Campos Verdes, onde o número de mulheres trabalhadoras aumentam, tanto nas minas registradas quanto na clandestinidade. Um outro exemplo são as mulheres do Vale do Rio Araguaia que criaram suas famílias e filhos com o trabalho nos garimpos. “...quando chegaram a Goiás nas primeiras décadas do século XX passaram a trabalhar no garimpo, inicialmente como garimpeiras e depois como donas do garimpo (...)” BOITA, 2014.
Estas mulheres multiplicam o seu tempo com o trabalho da extração de minérios e cuidados com suas casas e filhos contrariando o sistema paternalista de provedor do lar para as mantedoras do cuidado cotidiano com isso promovem um futuro mais confortável para as suas famílias e o desenvolvimento socioeconômico e cultural destas localidades.
Para saber mais:
BOITA, Tony, in: Mulheres do Vale Araguaia: Experiências e Vivência em Minha Comunidade. Artigo apresentado no 6º SEMINÁRIO MESTRES E CONSELHEIROS: AGENTES MULTIPLICADORES DO PATRIMÔNIO Belo Horizonte, de 04 a 06 de junho de 2014.
Documentário Mulheres Preciosas - O documentário mostra a força das mulheres que moram no garimpo de Nova Era (MG) e evidencia as riquezas e belezas naturais do garimpo. Exibido durante o 14º Semana de Museus: Museus e Paisagens Culturais 16 a 22 de maio de 2016.
LOIOLA, Maria Lemke, in: Trajetórias Atlânticas, Percursos para a Liberdade: Africanos e Descendentes na Capitania de Guayazes. Goiânia, 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, defendida em 2007.
PAIVA, Eduardo F. Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e mestiçagem no Novo Mundo. In: _____ & ANASTÁCIA, C.M. J.(Orgs). O trabalho mestiço; maneiras de pensar e formas de viver – séculos XVI a XIX. São Paulo/Belo Horizonte: AnnaBlume/PPGH-UFMG, 2002, p. 187-207.
SILVA, Sonilda Aparecida de Fátima, in: Campos Verdes: Memória, História e Saberes. Dissertação apresentada para a obtenção do Título de Mestre, junto à Universidade Católica de Goiás – UCG, no Mestrado Profissional em Gestão do Patrimônio Cultural. Goiânia, 2006.
SOARES, Mariza de C. Histórias cruzadas: os mahi setecentistas no Brasil e no Daomé. In: FLORENTINO, Manolo. Tráfico, cativeiro e liberdade (Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 127-168.
Acervo
Artes Visuais
Categoria
Coleção
Código Thesaurus
Destaque no acervo
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