Histórico/Observação
Almocafre - Sacho (pequena enxada) tem origem árabe. A priori foi muito utilizado na agricultura da Península Ibérica. Em árabe origina do termo “Al muhaffer” - “o cavador”. Diferenciando-se da enxada, pois possui uma ponta que auxilia a escavação de minérios em barrancos, costas dos rios e lagos. Primeiramente foi muito utilizada pelos espanhóis, com isso o termo almocafre não fora muito conhecido na língua portuguesa.
A primeira citação na língua portuguesa remete a 1624 (Toniolo, Ênio José. Sobre a Datação do Léxico Português. In: Revista Acta, Assis. 1:1-11, 2011). Seu uso na mineração brasileira foi pioneiramente descrito em 1711 pelo historiador André João Antonil (Cultura e Opulência do Brazil, por suas drogas e minas Lisboa: Officina Real. 1711 na 1ª edição).
A necessidade da utilização deste objeto nas áreas de mineração é pelo fato que alguns tipos de ouro e outras pedras preciosas são formados em terrenos muito duros e depósitos denominados “vaias” que são agrupados em um filão. Para encontra-lo é necessário escavar nas bordas secas de rios ou lagos. Em especial Goiás, sua característica geológica são os conjuntos rochosos com os quartzitos, micaxistos, e rochas vulcânicas (metabásicas/metaultrabásicas) o que propicia o depósito de ouro.
A exploração e escavação de áreas consideradas mineradoras, seja com maquinários, seja com o trabalho manual, sem as devidas precauções imposta pelas agências, leis e decretos que regulamentam a atividade, podem causar sérios danos ao meio-ambiente e a população destes locais, como enchentes e alagamentos derivados pelo desmatamento das matas ciliares. A exemplo ás margens do Rio Vermelho que teve a maior parte da exploração de ouro de aluvião desde a chegada dos bandeirantes em 1727, contribuindo para diversas catástrofes ambientais vista até os dias atuais nesta região, tanto pelo uso contínuo do mercúrio (ao contrário das técnicas tragas pelos escravizados e escravizadas da Costa de Mina, África Ocidental, que utilizavam uma mistura de plantas para facilitar a extração) quanto pelo desmatamento das matas ciliares.
Para saber mais:
ALVES, Adalberto. Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda SA, 2013.
ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brazil, por suas drogas e minas. Lisboa: Officina Real. 1711
CAVALCANTI, Marcelo Antunes. LOPES, Luciana Maria, PONTES, Marlon Nemayer Celestino de. Contribuição ao entendimento do fenômeno das enchentes do Rio Vermelho na cidade de Goiás, go. In: Boletim Goiano de Geografia. Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA – Universidade Federal de Goiás), v.28, n.1, jan/2008.
Desbravadores do Brasil. Sesc Brasília, 2018.