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Grelha e bica para extração do ouro
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Anexos
Metadados
Miniatura
Número de registro
GO.99/030.328
Situação
Localizado
Denominação
Grelha e bica para extração do ouro
Título
Grelha e bica para extração do ouro
Autor
Classificação
Resumo descritivo
Bica: forma retangular, de madeira com uma das extremidades que servia para escoar a água lavada dos cascalhos. Grelha: peça em formato retangular, com recortes de madeira nos seus 04 lados, e flandres com furos na parte interna. Dimensão: 40 x 31. Peça em malha (pedaço de tapete), formato retangular, trançada com fios de plástico. Servia para reter o ouro lavado. Dimensão: 45 x 28.
Largura
44 (bica)
Comprimento
86 (bica)
Técnica
Técnica em Papel > Recorte | Técnica em Fibra Vegetal > Trançado
Marcas/Inscrições
Ausência de inscrições
Local de produção
Data de produção
Modo de aquisição
Compra
Data de aquisição
1983
Procedência
Fonte de aquisição
Não identificada
Tema
Histórico/Observação
Instrumento usado no garimpo do ouro, servia para lavagem do cascalho, o ouro ficava preso no tecido, o que facilitava a sua extração.
A maior parte de africanos e africanas escravizados que vieram cativos para a região de Goyaz (Capitania de Goyazes em 1726 com a formação do Arraial de Sant’Anna) foram os da Costa de Mina, região litorânea que hoje corresponde os Estados de Gana, Tongo, Benin e Nigéria. Esta população já dominavam técnicas de mineração, ofício de ourives, metalúrgicas, e outros manuseios com metais e pedras preciosas, ainda não vistos pelos portugueses.
Após o bateamento (técnica também trazida desta parte da África que consiste num processo de separação de metais pesados e outros resíduos encontrados nos rios e lagos, como areia e cascalho dentro de uma gamela denominada bateia), este era escoado em mantas de couro de boi, desta forma, o minério ficava preso no couro ficando visível para a sua coleta.
Neste tempo era comum o registro de viajantes passando pelo Brasil para o apontamento dos processos civilizatórios desta região. O Barão Wilhelm Ludwig von ESCHWEGE, esteve no Brasil entre 1810 a 1821 e relatou o trabalho de extração de ouro na região de minas pontuando:
“(...) depois da introdução dos primeiros escravos africanos, que já na sua pátria se tinha ocupado com lavagem do ouro, e de cuja experiência o natural espírito inventivo e esclarecido dos portugueses e brasileiros logo tirou proveito, foi que os mineiros aperfeiçoaram esses processos de extração (...).
A eles se devem, também, as chamadas canoas, nas quais se estende um couro peludo de boi, ou uma flanela, cuja função é reter o ouro, que se apura depois em bateias. (...).”
Com o aumento da utilização de couro de boi para a lavagem do cascalho e coleta do ouro, notou-se a falta deste material no comercio nas colônias produtoras do minério, com isso, adaptaram a manta de couro em tecido de fibra vegetal plumoso e produziram as grelhas artesanais para o processo final na extração do ouro. Neste tempo já se utiliza o mercúrio para facilitar todo o processo. Esta substância, usada até os dias atuais, é misturada à água para que os grãos de ouro sejam agrupados formando amálgamas que facilita a visualização do minério e separa-lo do cascalho. Após esse processo, jogam os restos nos rios e margens provocando irreparáveis danos aos meio-ambiente.
Tanto nas Capitanias do século XVIII quanto aos dias atuais a extração de minérios preciosos são práticas de grandes lucros, promovem mudanças no comportamento humano, social, cultural e político. Em Goyaz, estudiosos do tema pontuarem três formas de extração de ouro nos primeiros períodos da corrida do ouro: Mineração nos veios – extração do ouro de aluvião depositados nos leitos dos rios pela movimentação da água; mineração de tabuleiro que é a extração de minérios em terrenos planos às margens dos rios e córregos onde são escavados buracos em forma de cônico (catas) e a mineração de gupiaras que excediam em torno de vinte metros dos veios dos rios nas encostas dos morros. Todas estas técnicas de extração causam algum dano para a natureza. Para Luis Palacín Gómez, importante historiador da historiografia de Goiás e Tocantins, em 1976 afirma:
“No caso da mineração de veios, os impactos aconteceram devido à necessidade de se desviar os leitos, por meio de barragens ou paredões, alterando o curso original. Em se tratando da mineração de tabuleiros, os impactos ocorreram na medida em que as catas adentraram as margens dos mananciais, e, consequentemente, retiraram a cobertura vegetal e removeram o solo. Já na mineração de gupiaras, os prejuízos ambientais concentraram-se na retirada da vegetação nativa, que deixou os solos minerados suscetíveis à erosão.” (PALACIM, 1976).
Para saber mais:
PAIVA, Eduardo F. Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e mestiçagem no Novo Mundo. In: _____ & ANASTÁCIA, C.M. J.(Orgs). O trabalho mestiço; maneiras de pensar e formas de viver – séculos XVI a XIX. São Paulo/Belo Horizonte: AnnaBlume/PPGH-UFMG, 2002, p. 187-207.
PALACÍN, Luís. In: Goiás 1722 – 1822: Estrutura e Conjuntura numa Capitania de Minas. 2ª edição. Goiânia: Oriente, 1976.
SILVA, Marcos Pereira da. ROCHA, Cleonice. In: “Caracterização da Mineração Aurífera em Faina, Goiás, em um Contexto Ambiental Histórico e Atual”. Ambiente & Sociedade. Campinas v. XI, n. 2, p. 373-388. Jul.-dez. 2008.
Sites:
http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_de_Goi%C3%A1s
https://www.oeco.org.br/
Acervo
Artes Visuais
Categoria
Coleção
Código Thesaurus
Destaque no acervo
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